Oque é Georreferenciamento
Você já ouviu falar em georreferenciamento rural? Este é um termo cada vez mais presente entre produtores rurais, profissionais da área ambiental e do agronegócio. Mas, afinal, o que ele significa na prática?
O georreferenciamento rural é um processo técnico que visa descrever com precisão a localização e os limites de um imóvel rural utilizando coordenadas geográficas obtidas por tecnologias de geolocalização. Em outras palavras, é uma forma de mapear digitalmente a área de uma propriedade, transformando os antigos registros cartoriais — muitas vezes imprecisos e desatualizados — em documentos com base técnica e reconhecidos oficialmente.
Com o avanço da tecnologia, o georreferenciamento se tornou mais acessível e indispensável. Hoje, com o uso de GPS de alta precisão e softwares de geoprocessamento, é possível gerar representações fiéis das propriedades, o que evita disputas de terra e traz mais clareza sobre a real dimensão dos imóveis.
Para o proprietário, significa mais do que uma obrigação legal. É também uma forma de proteger seu patrimônio, comprovar domínio territorial e abrir portas para negociações, financiamentos e investimentos. Para o Estado, é um instrumento essencial para organizar o território, coibir a grilagem de terras e planejar políticas públicas mais eficazes para o meio rural.
Por que o Georreferenciamento é Obrigatório?
Desde 2001, o Brasil conta com a Lei nº 10.267, que estabeleceu o georreferenciamento como requisito legal para a atualização do cadastro rural no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Essa lei determina que, para determinadas transações envolvendo imóveis rurais, é necessário apresentar uma planta georreferenciada e certificada.
A obrigatoriedade passou a ser aplicada gradualmente conforme o tamanho do imóvel. Desde 2018, qualquer propriedade com mais de 25 hectares precisa estar georreferenciada para que possa ser transferida ou regularizada.
Mas por que tanta exigência? A resposta está na segurança jurídica. No passado, muitos registros de imóveis utilizavam descrições vagas, como “do lado da árvore grande” ou “após o rio tal”. Isso gerava uma enorme confusão e, muitas vezes, resultava em disputas judiciais.
Com o georreferenciamento rural, cada ponto da divisa é descrito por suas coordenadas exatas, o que elimina margens para interpretações erradas. Essa precisão garante que a área descrita no papel seja exatamente a mesma que existe fisicamente, evitando sobreposição de imóveis e conflitos de posse.
Além disso, a exigência promove uma maior regularidade fundiária no país e permite que o Estado tenha controle mais preciso sobre o território nacional. Com todos os imóveis registrados corretamente, é possível aplicar políticas públicas com base em dados confiáveis, identificar áreas de preservação e regularizar assentamentos e comunidades tradicionais.
Quando é Necessário Georreferenciar?
A obrigatoriedade do georreferenciamento rural não se limita apenas à venda de imóveis. Existem diversos cenários em que ele é exigido ou altamente recomendado. Confira os principais:
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Compra e venda de imóveis rurais: É um requisito para que o cartório aceite o registro da transferência de propriedade.
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Regularização fundiária: Proprietários que desejam legalizar imóveis ocupados ou em processo de usucapião precisam apresentar o levantamento georreferenciado.
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Inventário e partilha de bens: Em caso de falecimento do proprietário e divisão da herança, o imóvel deve estar regularizado.
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Financiamentos agrícolas: Bancos e instituições financeiras geralmente exigem a apresentação da planta georreferenciada como garantia jurídica.
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Processos judiciais (como usucapião): O georreferenciamento é uma prova técnica essencial para comprovar a ocupação e os limites da área.
Em todos esses casos, contar com um profissional especializado em topografia e georreferenciamento é fundamental para garantir que todo o processo seja feito conforme as exigências do SIGEF/INCRA.
Como é Feito o Georreferenciamento?
O georreferenciamento rural envolve uma série de etapas técnicas que garantem a precisão e a confiabilidade das informações. Veja como ele funciona na prática:
a) Levantamento de Campo
Nesta fase, um topógrafo ou engenheiro agrimensor vai até a propriedade com equipamentos de GPS de alta precisão para identificar todos os vértices da área (pontos que formam o perímetro da propriedade). Esses dados são coletados respeitando normas do INCRA e exigem tecnologia específica, como receptores GNSS.
b) Elaboração da Planta e Memorial Descritivo
Com os dados coletados, o profissional elabora uma planta detalhada da propriedade, identificando todos os limites e confrontações. Junto à planta, é criado um memorial descritivo, documento que detalha todas as coordenadas e características da área.
c) Validação no SIGEF
O próximo passo é enviar toda a documentação para o SIGEF (Sistema de Gestão Fundiária), que vai cruzar as informações com o banco de dados nacional para verificar se a área não se sobrepõe a outras já registradas. Estando tudo correto, o INCRA emite o certificado de georreferenciamento.Esse certificado será exigido pelo cartório de registro de imóveis para qualquer transação futura.
Benefícios para o Proprietário Rural
Realizar o georreferenciamento rural não é apenas cumprir uma exigência legal. Para quem possui propriedades rurais, ele representa uma série de vantagens que impactam diretamente na gestão, valorização e segurança do imóvel.
Valorização da Propriedade
Um imóvel rural georreferenciado vale mais. Isso porque ele possui um certificado oficial que comprova seus limites, localização e dimensão exata. Na prática, é como ter um “RG da terra”, o que aumenta sua atratividade para compradores, investidores e instituições financeiras.
Propriedades com documentação completa e sem pendências legais são mais fáceis de serem comercializadas, além de transmitirem maior confiança. Em alguns casos, o valor de mercado pode subir consideravelmente após a regularização.
Acesso a Financiamentos
Os bancos e cooperativas de crédito exigem garantias sólidas antes de liberar financiamentos. Um imóvel sem georreferenciamento pode ser rejeitado como garantia, dificultando o acesso ao crédito rural. Com a documentação correta, o proprietário pode obter melhores condições, prazos mais longos e taxas de juros reduzidas.
Isso significa mais facilidade para investir em maquinário, plantio, irrigação e melhorias na infraestrutura da fazenda.
Redução de Conflitos de Terra
Muitos conflitos entre vizinhos ou herdeiros acontecem pela ausência de limites definidos. O georreferenciamento rural elimina essa margem de erro, estabelecendo com precisão onde começa e termina cada propriedade. Assim, evita-se sobreposição de áreas, litígios judiciais e problemas com posse indevida.
Essa segurança jurídica também é essencial para quem deseja fazer parcerias agrícolas, arrendamentos ou dividir a terra entre familiares.
Facilidade na Gestão e Planejamento
Com as coordenadas exatas da área, o produtor rural consegue planejar melhor o uso da terra. Isso inclui:
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Definir zonas de plantio e pastagem
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Mapear áreas de preservação e reserva legal
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Calcular distâncias para logística de transporte
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Gerenciar recursos hídricos com base no relevo
A topografia deixa de ser “um detalhe técnico” e passa a ser um ativo estratégico da propriedade.
Custos Envolvidos
Um dos principais receios de quem precisa fazer o georreferenciamento rural é em relação aos custos. No entanto, é importante entender que esse é um investimento — e não apenas uma despesa.
📌 Fatores que Influenciam no Preço
O valor do serviço pode variar bastante, dependendo de:
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Tamanho da propriedade: Áreas maiores geralmente exigem mais tempo e equipamentos, o que pode encarecer o serviço.
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Dificuldade de acesso: Regiões com relevo acidentado ou de difícil acesso demandam mais esforço técnico.
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Profissional contratado: É essencial buscar um profissional ou empresa qualificada, pois erros podem causar recusa no SIGEF.
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Situação documental do imóvel: Propriedades com problemas de matrícula, sobreposições ou sem registro exigem etapas extras.
Em média, o custo por hectare pode variar entre R$ 20 a R$ 60, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.
📌 Vale a pena?
Com certeza. Além da valorização do imóvel, o georreferenciamento pode evitar prejuízos futuros, como perda de área, embargos ambientais ou negativa de financiamento. É uma segurança para quem quer crescer no campo com tranquilidade.
Conclusão
O georreferenciamento rural obrigatório deixou de ser uma burocracia imposta pela lei para se tornar uma prática essencial na organização fundiária do Brasil. Ele representa o primeiro passo para garantir que a sua propriedade esteja regularizada, valorizada e pronta para ser utilizada com total segurança.
Se você é proprietário rural e ainda não realizou o processo de georreferenciamento, o ideal é procurar profissionais especializados e certificados pelo INCRA. Evite soluções improvisadas: um levantamento técnico mal executado pode gerar problemas legais sérios.
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